PF determina abertura de inquérito para apurar execução de empresário em aeroporto de SP
09/11/2024
Avaliação é de que o suposto envolvimento de facção criminosa e de agentes públicos, além do local do homicídio, demandam também uma investigação federal.
Antônio Vinicius Lopes Gritzbach foi morto no Terminal 2 do aeroporto de Guarulhos na sexta-feira (8).
Vídeos mostram por diferentes ângulos execução de empresário no Aeroporto de Guarulhos
A Polícia Federal (PF) em Brasília determinou a abertura de um inquérito na superintendência do órgão em São Paulo para apurar o assassinato do empresário Antônio Vinicius Lopes Gritzbach no aeroporto de Guarulhos , ocorrido na sexta-feira (8).
Em nota, a PF disse que vai trabalhar de forma integrada com a Polícia Civil durante as investigações.
A decisão foi tomada em comum acordo entre integrantes do governo federal e do Ministério da Justiça.
A avaliação é a de que a forma como o crime ocorreu, o suposto envolvimento de facção criminosa e de agentes públicos, além do local do homicídio – o aeroporto mais movimentado do país em plena luz do dia–, demandam também uma investigação federal.
O diretor geral da PF, Andrei Passos, conversou por telefone com o secretário de Segurança Pública de SP, Guilherme Derrite, e com chefe da Polícia Civil paulista, Artur Dian, para comunicar a abertura da investigação por parte da PF e propor integração nas apurações no sentido de "trabalhar em sintonia".
Neste primeiro momento, o objetivo é compartilhar informações com o MP, tendo em vista o histórico de cooperações bem sucedidas entre ambas as instituições no combate ao crime organizado.
Há uma relação mútua de confiança.
Está havendo um cuidado político por parte da cúpula do MJ para não espezinhar, depreciar o trabalho da polícia paulista nas apurações.
Muito especialmente em consideração aos promotores criminais que atuam no combate ao crime organizado e que estavam recebendo colaboração do empresário assassinado.
Há uma suspeita por parte de policiais federais, e até mesmo de promotores estaduais do Gaeco, de que o empresário possa ter sido morto por ordem e envolvimento de agentes de segurança corruptos, ligados ao PCC, e não necessariamente por ordem direta da facção criminosa.
O desafio das investigações é este: identificar os executores e os mandantes.
Em outra frente, uma força tarefa de promotores criminais paulistas vai pedir, na segunda feira (11), uma designação ao procurador geral de Justiça de SP para atuar no caso e acompanhar toda investigação do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).
O procurador-geral vai consentir.
Estes mesmos promotores pedirão, ainda, autorização judicial para compartilhamento de provas com a direção do DHPP.
Como foi o crime
Gritzbach foi alvejado à luz do dia, por volta das 16h, na saída da área de desembarque do Terminal 2, por dois homens que desceram de um carro preto.
Até a publicação desta reportagem, os autores estavam foragidos.
O empresário foi executado com 10 tiros.
Na tarde deste sábado, duas armas foram apreendidas pela polícia: um fuzil e uma pistola.
Ambas estavam próximo ao local em que o carro quem pode ter sido usado no crime foi abandonado, a pouco mais de 7 km do aeroporto, ainda em Guarulhos.
Até a publicação desta reportagem, não havia confirmação pericial de que foram elas as usadas no crime.
Armas apreendidas após o assassinato de Antônio Vinícius Lopes Gritzbach no Aeroporto de Guarulhos.
Divulgação
Empresário fez acordo para delatar PCC e policiais
Gritzbach, de 38 anos, era investigado por envolvimento com o Primeiro Comando da Capital (PCC) e, em março, havia fechado um acordo de delação premiada com o Ministério Público de São Paulo (MP-SP) com a promessa de entregar esquemas de lavagem de dinheiro.
Nos depoimentos, o empresário acusou um delegado do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de exigir dinheiro para não o implicar no assassinato de um integrante do PCC (Anselmo Santa, o Cara Preta).
Além disso, forneceu informações que levaram à prisão de dois policiais civis que trabalharam no Departamento de Prevenção e Repressão ao Narcotráfico (Denarc).
PMs que fariam escolta alegaram falha em carro para não estar no local
O Ministério Público de São Paulo afirma que ofereceu mais de uma vez segurança ao empresário e que ele sempre recusou a proteção.
O empresário, então, contratou quatro seguranças, todos policiais militares.
Nenhum deles, porém, estava com Gritzbach no momento do assassinato.
Segundo depoimento de 2 deles, um dos carros em que iriam buscar Gritzbach e a namorada no aeroporto – o casal voltava de Maceió – teve um problema na ignição.
O outro, ainda de acordo com os policiais, estava com quatro pessoas, e teve de fazer meia volta para deixar um dos ocupantes em um posto de combustível, a fim de abrir espaço para o empresário e a namorada dele.
Investigadores desconfiam dessa versão (leia mais).
Uma das linhas de investigação do DHPP é que os seguranças teriam falhado de forma proposital.
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