Demissões a pedido lideram motivos de saídas de empresas na região de Piracicaba
12/11/2024
Especialistas apontam como motivos o mercado de trabalho aquecido, busca por melhor qualidade de vida pós-pandemia e desejo de jovens por vagas alinhadas às expectativas.
Carteira de Trabalho digital
Rodrigo Marinelli/g1
As demissões a pedido lideram as razões para trabalhadores deixarem seus empregos na região de Piracicaba (SP).
Dos 24,7 mil desligamentos no 3º trimestre deste ano na região, 42,4% aconteceram porque o próprio funcionário empregado decidiu sair.
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Os dados são do Ministério do Trabalho e Emprego e foram compilados em um estudo do Observatório da Região Metropolitana de Piracicaba, assinado por Cristiane Feltre, professora da Escola de Negócios da PUC-Campinas, além de Eliana Tadeu Terci e Carlos Eduardo de Freitas Vian, professores do Departamento de Economia, Administração e Sociologia da Esalq/USP.
No primeiro e segundo trimestres deste ano, esse motivo de desligamento havia crescido 15,9% e 25,1%, respectivamente, em relação aos mesmos trimestres do ano passado.
No boletim do 3º trimestre deste ano, as demissões a pedido continuam aquecidas, com um aumento de 23,4% em relação a 2023.
"Uma das hipóteses para esse fenômeno é um mercado de trabalho mais aquecido, e a consequente busca por uma oportunidade melhor; uma segunda hipótese reflete, em partes, o comportamento do trabalhador pós-pandemia, que passou a ponderar a decisão de se manter em um posto de trabalho se este afeta a sua qualidade de vida; e a terceira está relacionada a um maior número de jovens no mercado de trabalho, que buscam por vagas mais alinhadas às suas expectativas e trocam de emprego com maior frequência", elencam os pesquisadores.
Na sequência, aparecem as demissões sem justa causa, com 41,2%.
Mais frequente entre jovens
O número de demissões a pedido ocorreu com maior intensidade na faixa etária de 18 aos 30 anos - 61,4% -, apesar de representarem 45,9% dos desligamentos totais.
Motivos da saída
Os autores também citam uma pesquisa feita pelo Ministério do Trabalho e Emprego com 53.692 trabalhadores brasileiros entre os meses de novembro de 2023 e abril de 2024 sobre os principais motivos para os pedidos de desligamento.
As razões citadas foram:
Outro emprego em vista (36,5%);
Salários baixos (32,5%);
Não reconhecimento no trabalho (24,7%);
Problemas éticos com a forma de trabalho da empresa (24,5%);
Adoecimento mental (23%);
Problemas com a chefia imediata (16,2%);
Inexistência de flexibilidade de jornada (15,7%).
Daqueles que foram recolocados, 63% obtiveram outro emprego em até 30 dias e 58% tinham salários de admissão mais elevados do que os salários de desligamento.
"Parte desta pesquisa reflete o aquecimento do mercado de trabalho com a redução persistente da taxa de desemprego no Brasil, que chegou a 6,4% no terceiro trimestre deste ano, de acordo com a Pesquisa Nacional por amostra de domicílios - PNAD Contínua - do IBGE", acrescentam os autores.
Saldo positivo de empregos
Os setores de indústria e serviços foram os responsáveis pelo saldo positivo de empregos na região em setembro.
Por outro lado, agropecuária, construção e comércio tiveram mais demissões do que contratações no período.
Os dados são do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), e mostram que a região teve um saldo positivo de 767 vagas no mês passado, uma alta de 4,5% em relação a setembro de 2023.
Cargos que mais empregam
Os cargos de construção de rodovias e ferrovias e fabricação de produtos de metal, borracha e material plástico foram os que mais geraram postos de trabalho no período.
Confira a lista abaixo:
Construção de rodovias e ferrovias - 162 vagas
Fabricação de produtos de metal - 84
Fabricação de produtos de borracha e de material plástico - 74
Manutenção, reparação e instalação de máquinas e equipamentos - 73
Fabricação de veículos automotores, reboques e carrocerias - 67
Transporte rodoviário de cargas - 65
Fabricação de produtos têxteis - 61
Aluguéis não-imobiliários e gestão de ativos intangíveis não-financeiros - 57
Restaurantes e outros serviços de alimentação e bebidas - 53
Fabricação de máquinas e equipamentos de uso industrial específico: 50 vagas
Serviços de escritório, de apoio administrativo e outros serviços prestados a empresas - 50
Fabricação de máquinas e equipamentos de uso na extração mineral e na construção: 49 vagas
Educação infantil e ensino fundamental - 48
Transporte rodoviário de passageiros - 47
Comércio varejista de produtos farmacêuticos, perfumaria, cosméticos e artigos médicos - 46
Fabricação de defensivos agrícolas e desinfetantes domissanitários - 45
A metrópole foi a que teve o maior saldo de empregos, com 647, seguida por Capivari, com 138.
Segunda cidade mais populosa, Limeira gerou 40 postos.
Já Nova Odessa teve um saldo negativo de 168 empregos.
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