'Chegou lá gritando de dor, até que morreu com o pescoço tombado', diz pai de paciente que morreu em sala de espera de UPA no Rio
16/12/2024
Corpo de José Augusto foi enterrado em Mogi Guaçu, no interior de SP; exames do IML devem apontar causa da morte.
Secretaria Municipal de Saúde vai abrir sindicância.
Homem que morreu sentado em UPA no Rio de Janeiro é enterrado em Mogi Guaçu
"Ele chegou lá gritando de dor, pedindo atendimento e ninguém atendeu.
Foi ficando lá, sentado.
Até que morreu com o pescoço tombado."
Dessa forma que o pai do artesão e garçom José Augusto Mota Silva descreveu, ainda no velório, a morte do filho na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Cidade de Deus, no Rio.
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O corpo de José Augusto, que tinha 32 anos, foi enterrado no domingo (15), em Mogi Guaçu (SP), cidade em que ele nasceu e onde a família mora.
Em nota, a Secretaria Municipal de Saúde do Rio informou que o paciente chegou lúcido e andando à unidade, onde sofreu uma parada cardiorrespiratória.
A necropsia feita pelo Instituto Médico Legal (IML) deve apontar a causa da morte.
Até a última atualização desta reportagem, o resultado do exame não havia sido divulgado.
Vídeos gravados por testemunhas na sexta-feira (13) mostraram José Augusto já sem vida, sentado na recepção da UPA (assista acima).
"Difícil, difícil demais.
Pelas imagens, está claro.
Se houver uma investigação e for constatado, eles têm que ser punidos", desabafou o pai, José Adão da Silva.
A falta de atendimento deixou os familiares revoltados.
Irmã de José Augusto, Meriane Mota Silva afirmou: "Ele não merecia morrer daquele jeito, sentado.
Ninguém merece morrer que nem bicho, daquela forma.
É desumano uma pessoa ficar sentada ali sem atendimento, sem acolhimento".
José Augusto é o quinto filho de José Adão e estava no Rio havia 12 anos.
Para levar o corpo a Mogi Guaçu, os parentes fizeram uma vaquinha pela internet.
Demora no atendimento
Pacientes que estavam no local relataram que José Augusto deu entrada na unidade se queixando de fortes dores e passou pela triagem, mas morreu sentado, sem ser atendido.
Nas imagens, é possível ver que uma pessoa se aproxima, e ele não reage.
Em seguida, o homem foi colocado na maca.
Segundo a irmã, José Augusto já havia passado por situações parecidas com dificuldade de conseguir atendimento.
"Essas dores que ele tinha já vêm de meses.
Ele estava procurando médico, diz que vai lá e ninguém atende ele.
Quando atende, dá dipirona e manda embora."
Funcionários serão demitidos
Por meio das redes sociais, o secretário de Saúde do Rio, Daniel Soranz, disse que todos os funcionários que estavam de plantão no momento da ocorrência serão demitidos.
"É inadmissível não perceberem a gravidade do caso".
Em nota, a Secretaria Municipal de Saúde afirmou que tudo aconteceu "muito rápido", que o paciente estava lúcido e entrou andando na unidade.
Depois, ao ser atendido, já estava desacordado.
Uma sindicância foi aberta para apurar o caso.
"Dados do sistema mostram que a classificação de risco foi feita às 20h30 e, poucos minutos depois, foi acionada a equipe médica devido ao paciente encontrar-se desacordado", diz a nota da secretaria.
O comunicado prossegue: "ele foi levado à Sala Vermelha para atendimento, mas infelizmente não resistiu e foi constatada a parada cardiorrespiratória.
O corpo foi encaminhado para o Instituto Médico Legal para apurar a causa do óbito".
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Paciente já desacordado enquanto aguardava atendimento na UPA
Reprodução
José Augusto Mota Silva, de 32 anos, morreu sentado na recepção da UPA Cidade de Deus, no Rio de Janeiro, enquanto esperava por atendimento
Arquivo Pessoal
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