Presidente argentino Javier Milei nega as mudanças climáticas.
29ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática está sendo realizada desde o início da semana em Baku.
O presidente da Argentina, Javier Milei, demitiu a ministra das Relações Internacionais, Diana Mondino
Matias Baglietto/Reuters
O governo da Argentina retirou sua delegação da 29ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática (COP 29), que está sendo realizada em Baku, disse uma fonte oficial à AFP.
"Sim, a equipe está se retirando", disse uma fonte do Ministério do Meio Ambiente à AFP nesta quinta-feira (14).
Desde que assumiu o cargo, há quase um ano, o presidente Javier Milei embarcou em uma grande iniciativa de austeridade que incluiu a redução pela metade do número de ministérios, a paralisação das obras públicas, o corte de subsídios e a eliminação de mais de 32.000 empregos estatais a partir de setembro.
Durante décadas, a Argentina tem sido uma das principais vozes da região latino-americana em fóruns internacionais, como as Conferências das Partes (COP) da ONU sobre mudança climática.
No entanto, o presidente Javier Milei nega as mudanças climáticas.
"A saída da delegação argentina da conferência climática em Baku não tem precedentes na história diplomática do país e marca um claro contraste com a política externa de Buenos Aires de se envolver produtivamente em negociações internacionais", reagiu Oscar Soria, ativista ambiental argentino e diretor da Iniciativa Comum.
A delegação argentina em Baku era pequena e seu principal objetivo era participar de cursos de treinamento técnico, de acordo com fontes consultadas em Baku.
Os funcionários não estavam mais no local da COP29, no Estádio Olímpico de Baku, nesta quinta-feira, confirmaram as fontes sob condição de anonimato.
"Essa é uma questão bilateral entre a Argentina e a ONU e não vamos comentar sobre ela", disse o negociador-chefe do Azerbaijão na COP29, Yalchyn Rafiev, nesta quinta-feira.
Questionada sobre a decisão da Argentina, a ministra do Meio Ambiente do Chile, Maisa Rojas, também foi cautelosa em declarações à AFP.
"Quer se diga sim ou não, a mudança climática é real, está acontecendo.
Todos os países estão sofrendo seus impactos e, portanto, é do interesse de todos os países construir estruturas resilientes", declarou Rojas.
Os países que fazem parte da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC) devem fornecer relatórios regularmente ao secretariado da UNFCCC.
Entre as próximas medidas que a Argentina deve tomar está um relatório bienal de transparência, previsto para o final deste ano.
A Argentina também deve entregar, como os quase 200 países que assinaram o Acordo de Paris, sua nova Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC) para combater a mudança climática.
Esses novos compromissos devem ser finalizados até fevereiro de 2025.
O objetivo da 29ª conferência sobre mudança climática é chegar a um acordo entre quase 200 países para atualizar o montante dos fluxos de ajuda à mudança climática entre os países avançados e os países em desenvolvimento.
O valor atual é da ordem de 100 bilhões de dólares, e a meta dos países pobres e emergentes é multiplicá-lo por dez, embora se espere que as negociações sejam difíceis em Baku.
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