Haddad nega que isenção de até R$ 5 mil no IR seja 'populista' e diz que objetivo é 'tributar melhor'
04/12/2024
Ministro da Fazenda defendeu anúncios recentes, que levaram dólar a patamar recorde e preocuparam mercado.
Governo diz que reforma do IR é 'neutra', ou seja, não muda total arrecadado.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, defendeu nesta quarta-feira (4) os anúncios feitos pela equipe econômica do governo na última semana – o pacote para cortar gastos e o projeto que eleva para R$ 5 mil a faixa de isenção do Imposto de Renda da Pessoa Física (IRPF).
As medidas repercutiram mal no mercado financeiro, que considerou os cortes insuficientes e criticou o envio da mudança no Imposto de Renda em um momento de aperto fiscal.
"Dizem que a reforma da renda é populista, mas ela é neutra do ponto de vista fiscal, como a reforma do consumo é neutra.
Não estamos pretendendo arrecadar mais ou menos, mas tributar melhor", afirmou Haddad.
As declarações foram dadas durante participação em evento promovido pelo portal "Jota" em Brasília.
🔎 Ao dizer que a reforma tributária e a reforma do IR são "neutras", Haddad quer dizer que elas não impactam o volume da cobrança de impostos.
Ou seja: mudam o formato da cobrança, mas não geram uma taxação maior ou menor que a atual.
"Fazer uma reforma pra cobrar um mínimo pra quem ganha a partir de R$ 600 mil pra não cobrar de quem não está conseguindo pagar as contas do mês, não me parece populismo.
Não me parece um gesto populista", defendeu o ministro.
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Governo também propôs ao Congresso mudanças no imposto de renda
Reforma da renda em 2025
Embora tenha sido anunciado como um "contraponto" ao pacote de austeridade fiscal, o projeto que garante isenção no Imposto de Renda para rendimentos até R$ 5 mil mensais só deve ser enviado ao Congresso em 2025 e entrar em vigor, se aprovado, em 2026.
Atualmente, o limite de isenção é de R$ 2.824 (até dois salários mínimos).
A elevação até R$ 5 mil foi uma promessa de campanha de Lula em 2022.
Ainda assim, o anúncio junto ao pacote de corte de gastos incomodou a cúpula da Câmara e agitou o mercado – o que levou o dólar ao maior valor nominal da história do real.