Contaminação por agrotóxicos cresce quase 10 vezes no Brasil no 1º semestre, aponta relatório
02/12/2024
Dados divulgados pela Comissão Pastoral da Terra indicam 182 ocorrências do tipo no paÃs nos primeiros seis meses, contra 19 no mesmo perÃodo do ano passado.
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GloboNews
A contaminação por agrotóxicos no Brasil aumentou mais de 850% no primeiro semestre de 2024 em relação ao mesmo perÃodo no ano passado, aponta a Comissão Pastoral da Terra (CPT) em um relatório sobre conflitos do campo divulgado nesta segunda-feira (2).
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Altos Ãndices de violência no campo
De forma geral, o novo relatório da CPT aponta uma leve queda no número de vÃtimas da violência do campo, embora os dados sigam em um patamar alto, na avaliação da entidade.
Os dados consolidados de 2024 serão apresentados em abril do ano que vem.
"Houve uma pequena redução no número de conflitos pela terra em comparação ao mesmo perÃodo de 2023 […], mas os números revelam o relato de uma realidade ainda grave, de altos Ãndices de violência", afirma a CPT.
Na sequência aparecem quilombolas, com 116, e sem-terra, com 92.
Pelo segundo ano consecutivo, os fazendeiros lideram o ranking dos maiores causadores dessas violências, com 339 casos.
Na sequência estão os empresários, com 137 ocorrências, governo federal (88) e estaduais (44) e grileiros (33).
O relatório indica uma redução no número de vÃtimas de assassinato por conflitos no campo.
No primeiro semestre deste ano foram registrados 6 casos, contra 16 no mesmo perÃodo do ano passado.
"Destes, quase metade dos assassinatos foram cometidos por fazendeiros", destaca a CPT.
Entre os assassinados estavam dez homens e uma mulher, a indÃgena Maria de Fátima Muniz, conhecida como Nega Pataxó.
Ela foi vÃtima de uma ação supostamente coordenada por um grupo de ruralistas no dia 21 de janeiro de 2024 na Bahia.
Na ocasião, fazendeiros cercaram uma área ocupada por indÃgenas que reivindicavam ser ali território tradicional.
Foram 59 casos e 441 trabalhadores rurais resgatados.
Em 2023, foram 98 ocorrências e 1.395 pessoas resgatadas.
"Pelo segundo ano consecutivo, Minas Gerais foi o estado com o maior número de casos de trabalho escravo no primeiro semestre do ano [20 registros].
Entretanto, o Amazonas liderou em relação ao número de trabalhadores libertados, com um total de 100 pessoas encontradas em condições análogas à escravidão em áreas de desmatamento e garimpo", aponta a CPT.
"As atividades de maior concentração de trabalhadores resgatados continuaram sendo de lavouras permanentes, com 209 pessoas, seguida do desmatamento, com 75, mineração, com 70, produção de carvão vegetal, com 44, e a pecuária, com 39, demonstrando a grande contribuição do agronegócio e da mineração para a perpetuação do trabalho análogo à escravidão", diz a comissão.
Órgão da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), instituição da Igreja Católica, a CPT foi criada em 1975, como instrumento de denúncia a situação de trabalhadores rurais, sobretudo na Amazônia, no contexto da ditadura militar.