Jovem morta com 90% do corpo queimado pelo ex é enterrada no AC: ‘justiça tem que ser feita’, diz mãe
28/09/2024
Corpo de Juliana Valdivino Silva foi velado em Rio Branco nessa sexta-feira (27).
Jovem morreu após duas semanas internada em Cuiabá, no Mato Grosso.
Durante a despedida, Rosicléia Magalhães disse que vai lutar pela punição do assassino da filha para evitar que outras mulheres sejam vítimas de crimes semelhantes.
Juliana teve 90% do corpo queimado pelo ex-namorado que não aceitava fim do relacionamento
Arquivo pessoal
"A Juliana era uma menina feliz, alegre, carismática.
A minha lembrança dela, para sempre, é [de] uma pessoa feliz, que transmite felicidade".
Esta é a memória que deve ser preservada na memória de Rosicléia Magalhães, mãe de Juliana Valdivino Silva, de 18 anos, que morreu após o ex-namorado, Djavanderson de Oliveira Araújo, atear fogo nela em Paranatinga, interior do estado de Mato Grosso.
Sob forte comoção, o velório e enterro da vítima ocorreram na última sexta-feira (27), em Rio Branco.
Muitas pessoas compareceram ao velório e prestaram as últimas homenagens para a jovem que estava internada desde o dia 10 de setembro no Hospital Municipal de Cuiabá.
📲 Participe do canal do g1 AC no WhatsApp
Eles se conheceram quando estudavam juntos na cidade de Porto Acre, no interior do estado.
Na época, a mãe da vítima, achava o relacionamento inapropriado e proibiu a filha de se relacionar com o rapaz após descobrir que o pai do garoto já havia se envolvido com crimes.
“Quando o caso dos pais vem à tona, que são dois criminosos, eu falei: ‘minha filha, se afaste.
Não são pessoas de caráter.
Pessoas de caráter não fazem esse tipo de coisa’.
A resposta da minha filha para mim foi: ‘mãe, não julgue o filho pelo pai’.
Então era algo que eu já estava sentindo que não ia ser bom.
Por muitas das vezes eu tentei tirar a Juliana de perto dele, tirei do estado, tentei puxar de volta para o estado e quando eu soube que ele estava lá...
mas ela insistiu num relacionamento, dizendo que ele era uma boa pessoa e aparentemente era, era até o último momento”, relembra a mãe.
LEIA MAIS:
Suspeito de atear fogo em jovem acreana no interior do MT é preso por tentativa de feminicídio
Família consegue trazer para o Acre corpo de jovem assassinada pelo ex-namorado em Cuiabá
Acre teve 2º maior índice de feminicídios do país em 2023, aponta relatório
Acreana morta queimada pelo ex no MT é enterrada em Rio Branco
Segundo as investigações da polícia, no dia do crime, dia 9 de setembro, Djavanderson foi até um posto de combustível de Parantinga e comprou álcool.
Mais tarde, ele a atraiu até a sua casa, onde jogou o líquido na jovem, a incendiou, e também acabou se ferindo.
Juliana teve 90% do corpo queimado.
“Na parte da manhã foi quando ele mostrou o comportamento diferente, porque ela foi buscar umas coisas na casa, já que não morava mais lá, e ele não queria deixá-la sair.
Eu tive que conversar com ele para pedir para ela sair da casa.
Ele foi, liberou, foi para o trabalho.
Quando foi a noite, ele clonou o telefone dela - que ele me confessou que tinha clonado o telefone dela.
E eu falei para ela: 'minha filha, vá atrás da medida protetiva, e vamos para o Acre'”, acrescenta.
Rosicléia Magalhães, mãe de Juliana, pede que mulheres em relacionamentos abusivos se libertem
Reprodução/Rede Amazônica Acre
Agora, com a morte da jovem de apenas 18 anos, a família, além de lidar com a dor da perda, promete lutar por justiça.
“Aconteceu com minha filha, não quero que venha a acontecer com outras mulheres.
É isso que eu quero.
Não permita que aconteça com outras mulheres.
E para isso, a justiça tem que ser feita.
A justiça tem que ser trabalhada em cima da situação que está acontecendo.
A minha filha foi mais um caso, provavelmente um dos piores, mas foi mais um.
E quantas mais vão acontecer se a justiça não trabalhar na necessidade que vai existindo sobre feminicídio no nosso país?”
Djavanderson e Juliana tiveram relacionamento por cerca de 3 anos
Arquivo pessoal
Segundo o Laboratório de Estudos de Violência Contra a Mulher, em 2024, no Brasil, já são 2.638 casos de feminicídios tentados e consumados.
No Acre, seis mulheres já foram mortas este ano em razão de seu gênero.
Cada número corresponde a uma história interrompida que deixou apenas a dor da saudade, A mãe de Juliana, mesmo em meio a dor, deixa um recado importante.
“Mulheres que têm seu casamento abusivo, abandonem.
Sejam felizes de verdade.
Não permitam ser maltratadas e humilhadas.
Nós merecemos respeito”, alerta Rosicléia.
Acreana morta queimada pelo ex no MT é enterrada em Rio Branco
Reveja os telejornais do Acre